Um levantamento divulgado no servidor de pré-publicação arXiv comparou a chance de um asteroide de ao menos 140 metros colidir com a Terra com a probabilidade de uma série de eventos considerados raros, entre eles ser atingido por um raio. O resultado surpreendeu: ao longo da vida de uma pessoa, a queda de uma rocha espacial desse porte mostra-se estatisticamente mais provável do que a descarga elétrica atmosférica.
Como o estudo foi conduzido
A pesquisa foi liderada por Carrie Nugent, professora da Escola de Engenharia Franklin W. Olin, nos Estados Unidos. A equipe se concentrou em asteroides com diâmetro superior a 140 metros, capazes de provocar devastação regional. Os cálculos incluíram dados de várias fontes oficiais para estabelecer um quadro comparativo de riscos.
Eventos analisados
Para chegar às porcentagens, os autores compararam o impacto de asteroides com:
- Descargas atmosféricas: entre 2006 e 2021, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) registrou 277 pessoas atingidas por raios nos EUA, com média anual de 28 mortes.
- Ataques de elefantes: no Nepal, menos de 30 pessoas foram atacadas e 18 morreram somente em 2016.
- Acidentes de paraquedismo: estudo na Holanda apontou cerca de 108 ocorrências por ano, resultando em uma morte anual.
- Desabamento de buracos de areia e ataques de coiotes, também classificados como eventos de baixa incidência.
De acordo com os pesquisadores, todos esses acontecimentos são menos prováveis do que a queda de um grande asteroide durante o período de vida de um ser humano. Por outro lado, situações como acidentes de trânsito, infecção por raiva ou influenza e intoxicação por dióxido de carbono continuam mais comuns do que a colisão de uma rocha espacial.
Frequência versus percepção
O estudo esclarece o aparente paradoxo entre estatísticas e relatos: um asteroide desse tamanho alcança a superfície terrestre em intervalos de milhares de anos, reduzindo a chance de qualquer indivíduo testemunhar o evento. Ainda assim, quando considerados longos períodos, o risco acumulado supera o de ser atingido por um raio.

Imagem: Henrik A. Jonsson via olhardigital.com.br
Importância do monitoramento
Apesar da baixa probabilidade anual, Nugent ressalta que o perigo não é nulo e defende medidas preventivas. “Assim como o envenenamento por monóxido de carbono pode ser evitado, um impacto de asteroide também pode — desde que haja tempo suficiente para nos prepararmos”, afirmou a pesquisadora ao site IFLScience.
Os autores concluem que a vigilância contínua do céu e o desenvolvimento de estratégias de defesa planetária são fundamentais para mitigar danos caso uma rocha espacial entre na rota da Terra.
Com informações de Olhar Digital