Brasília – Sob o lema “Reaja, Brasil”, grupos de oposição e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prometem ocupar ruas de dezenas de cidades neste domingo, 7 de Setembro. As mobilizações têm duas bandeiras centrais: a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e o pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, acusado pelos organizadores de “ruptura democrática e abuso de poder”.
Contexto político
O calendário de protestos coincide com um ambiente de forte tensão entre os Poderes. Entre os fatores que ampliam o clima de confronto estão:
- o julgamento de Jair Bolsonaro na Primeira Turma do STF, iniciado em 2 de setembro, por suposta articulação de golpe em 2022;
- as denúncias feitas no Senado pelo ex-assessor Eduardo Tagliaferro contra o ministro Alexandre de Moraes;
- a CPMI do INSS, que investiga fraudes contra aposentados e pressiona o governo;
- a tentativa da oposição de acelerar no Congresso um projeto de anistia para os envolvidos no 8 de janeiro.
Lideranças confirmadas
Em São Paulo, a manifestação está marcada para a Avenida Paulista às 15h, com presença confirmada da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Belo Horizonte terá ato na Praça da Liberdade às 10h, com participação do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).
Na capital federal, o protesto ocorrerá às 9h no estacionamento da Funarte, atrás da Torre de TV. Devem comparecer a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), o senador Izalci Lucas (PL-DF), a deputada Bia Kicis (PL-DF) e o ex-desembargador Sebastião Coelho (Novo-DF).
Chamados às ruas
O pastor Silas Malafaia, um dos principais articuladores, divulgou vídeos convocando apoiadores “pela liberdade e contra a perseguição política”. O senador Flávio Bolsonaro classificou o ato como “um grito de liberdade” e disse que “milhões de brasileiros” estarão nas ruas. Já Sebastião Coelho criticou a proposta de “anistia light” negociada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), por excluir Bolsonaro e líderes dos protestos.
Para o vice-líder da oposição na Câmara, deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS), o 7 de Setembro será “a oportunidade de mostrar que o povo não aceita perseguições”. O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), afirmou que os atos pretendem manter “acesa a chama da indignação” contra o que chama de excessos do Judiciário.
Análise de especialistas
O cientista político Alexandre Bandeira considera incerto o alcance das manifestações, mas lembra que a data vem sendo usada pela direita como demonstração cívica. Ele avalia que, se os protestos reunirem grande público de forma pacífica, podem pressionar o STF e o Congresso a avançar na pauta da anistia.

Imagem: Joéds Alves
O advogado André Marsiglia, especialista em liberdade de expressão, vê os atos como termômetro para o Legislativo, mas descarta influência direta no julgamento de Bolsonaro. Segundo ele, “o resultado já parece definido pela postura dos ministros”.
Locais dos protestos
Os organizadores divulgaram concentrações em todos os estados e no exterior. Entre os pontos mais destacados estão:
- Avenida Paulista, São Paulo (SP) – 15h;
- Estacionamento da Funarte, Brasília (DF) – 9h;
- Copacabana, Posto 4/5, Rio de Janeiro (RJ) – 10h;
- Praça da Liberdade, Belo Horizonte (MG) – 10h;
- Praça Nossa Senhora de Salete, Curitiba (PR) – 14h;
- Ponta Negra, Manaus (AM) – 16h;
- Times Square, Nova York (EUA) – 14h.
No total, a lista inclui mais de 150 pontos de encontro em capitais, interior e cidades de Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Espanha.
A expectativa, segundo dirigentes oposicionistas, é que a mobilização sirva de vitrine para medir o apoio popular à anistia e para reforçar a pressão sobre o Congresso e o STF em meio ao acirramento político que antecede as eleições de 2026.
Com informações de Gazeta do Povo