A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) pediu desculpas ao Partido dos Trabalhadores e a lideranças de esquerda nesta quinta-feira (7) por conservadores não terem levado a sério as críticas feitas em 2017 à indicação de Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Em pronunciamento no Senado, Damares afirmou que “os conservadores têm de concordar com a esquerda”, que, segundo ela, alertou para uma suposta “tirania” de Moraes. O ministro é alvo de críticas da oposição pela condução do inquérito que apura possível tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
“Em nome dos conservadores, peço perdão ao PT, à ministra Gleisi Hoffmann, ao ex-deputado Jean Wyllys, ao senador Randolfe Rodrigues e aos acadêmicos da USP que, durante a sabatina de Alexandre de Moraes, nos avisaram que ele era um tirano. Nós não acreditamos”, declarou a senadora.
Damares acrescentou que a direita “paga o preço” por ter ignorado um abaixo-assinado com 270 mil assinaturas apresentado, na época, por alunos de Direito da Universidade de São Paulo contra a nomeação do então ministro da Justiça.
Indicação de 2017
Naquele ano, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou a indicação de Moraes, que depois recebeu 55 votos favoráveis, 13 contrários e 13 abstenções em plenário. Damares, à época, era assessora parlamentar de senadores como Magno Malta (PL-ES) e não participou da sabatina.
Durante o processo de aprovação, Gleisi Hoffmann — então senadora — se opôs à escolha de Moraes por entender que havia “vinculações e compromissos partidários” com o PSDB e com o ex-presidente Michel Temer (MDB), responsável pela indicação. Ela classificou como “preocupante” a presença de um ministro com histórico político tão recente no STF.
Na mesma sessão, o então senador Lindbergh Farias (PT-RJ) questionou se Moraes teria isenção para ser revisor dos processos da Operação Lava Jato, função exercida pelo ministro Teori Zavascki até seu falecimento. Randolfe Rodrigues (à época na Rede-AP) manifestou temor semelhante.

Imagem: Jefferson Rudy via gazetadopovo.com.br
Abaixo-assinado universitário
Antes da sabatina de fevereiro de 2017, estudantes do Centro Acadêmico XI de Agosto entregaram o documento com 270 mil assinaturas ao Senado. O texto citava ações de Moraes como secretário de Segurança Pública de São Paulo, incluindo reintegrações de posse sem mandado judicial, e questionava seu “notório saber jurídico”.
Na ocasião, a estudante Paula Masulk afirmou que o então indicado “não cumpriria os requisitos” para o cargo. Randolfe classificou a nomeação como “preocupante e temerária” diante das contestações da sociedade civil.
Ao encerrar seu discurso, Damares reiterou que “os conservadores abriram os olhos” e reforçou o pedido de desculpas: “Vocês tinham razão, ele era um tirano”.
Com informações de Gazeta do Povo