Astrônomos confirmaram a existência do buraco negro mais antigo e distante já registrado, formado aproximadamente 500 milhões de anos após o Big Bang. O achado, detalhado esta semana no The Astrophysical Journal, revela um objeto supermassivo no centro da galáxia CAPERS-LRD-z9, que remonta a 13,3 bilhões de anos atrás — quando o Universo tinha apenas 3% da idade atual.
A pesquisa foi conduzida por um consórcio internacional liderado pelo Centro de Fronteira Cósmica da Universidade do Texas, nos Estados Unidos. Segundo o autor principal, Anthony Taylor, alcançar esse limite de distância representa “o máximo que a tecnologia atual permite” para estudos desse tipo.
Como o buraco negro foi identificado
A confirmação veio por meio da espectroscopia, técnica que separa a luz em diferentes comprimentos de onda. O método permite detectar o movimento de gás que orbita e cai em direção a um buraco negro: a luz de gás que se afasta fica mais avermelhada, enquanto a de gás que se aproxima se torna mais azulada. “Poucos fenômenos exibem essa assinatura”, comentou Taylor. “E essa galáxia a apresenta com clareza.”
Os dados foram coletados pelo programa CANDELS-Area Prism Epoch of Reionization Survey (CAPERS), utilizando o Telescópio Espacial James Webb (JWST), lançado pela NASA em 2021 e projetado para explorar as regiões mais remotas do cosmos.
Galáxia compacta e brilho incomum
Inicialmente, CAPERS-LRD-z9 aparecia apenas como um ponto vermelho nas imagens do JWST. Estudos subsequentes revelaram que ela pertence à classe dos chamados “Pequenos Pontos Vermelhos”: galáxias extremamente compactas, avermelhadas e muito luminosas, vistas somente no primeiro bilhão e meio de anos do Universo. A intensidade do brilho sugere a presença de um buraco negro supermassivo em plena atividade, aquecendo o material ao redor e liberando grandes quantidades de energia.

Imagem: Erik Zumalt Universidade do Texas em Austin. via olhardigital.com.br
Desafio às teorias de crescimento
O buraco negro recém-confirmado possui cerca de 300 milhões de vezes a massa do Sol, equivalente a quase metade da massa estelar de sua galáxia. Tamanha dimensão tão cedo na história cósmica contraria os modelos atuais, que não previam um crescimento tão rápido. Para o coautor Steven Finkelstein, diretor do Centro de Fronteira Cósmica, o resultado indica que “buracos negros primordiais cresceram muito mais depressa ou já nasceram extremamente massivos”.
Próximos passos
A equipe planeja realizar observações de maior resolução com o JWST para analisar a composição de CAPERS-LRD-z9, a estrutura do buraco negro e sua influência na evolução da galáxia. “Este é um objeto único que nos permite estudar a fase inicial da formação de buracos negros”, concluiu Taylor.
Com informações de Olhar Digital