O assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deve solicitar um encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a abertura da 80ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, marcada para setembro, em Nova York.
“Pode encontrar, pode não encontrar. O presidente Lula será sempre cortês, mas hoje não creio que esteja nos planos pedir um encontro; nada é imutável se houver gestos que justifiquem”, declarou Amorim na noite de segunda-feira (11) ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
Críticas a declarações de representante dos EUA
O diplomata classificou como “totalmente inaceitáveis” as declarações do vice-secretário de Estado norte-americano, Christopher Landau, que acusou o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes de “usurpar poder ditatorial” e prejudicar a relação bilateral ao tentar aplicar leis brasileiras em território dos Estados Unidos. Amorim, chanceler nos dois primeiros mandatos de Lula (2003-2010), sugeriu que as falas podem ter sido feitas “de propósito” para provocar uma reação mais dura e justificar uma escalada de tensões.
Negociações travadas após cancelamento de reunião
As tratativas entre os governos brasileiro e norte-americano ficaram suspensas depois do cancelamento, também na segunda-feira (11), da reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. O encontro seria uma tentativa de negociar a suspensão da tarifa de 50% imposta por Washington a diversos produtos brasileiros.
Com o diálogo interrompido, empresários brasileiros pressionam por uma conversa direta entre Lula e Trump. Eles acreditam que somente uma intervenção dos chefes de Estado pode destravar o impasse, apesar dos esforços do vice-presidente Geraldo Alckmin. Segundo o setor privado, o plano de contingência preparado pelo governo não compensaria as perdas previstas no mercado norte-americano.

Imagem: Fábio Rodrigues-Pozzebom via gazetadopovo.com.br
Lula já declarou que não vê razão para ligar ao líder norte-americano e que não pretende “se humilhar” fazendo esse contato, apesar de Trump ter sinalizado disposição para atender a uma chamada.
Com informações de Gazeta do Povo